OS PESCADORES, de Raul Brandão. Uma releitura permanente. Algumas vilas piscatórias aí pinceladas, alguns usos e costumes que marcaram uma época, terão mudado. As técnicas de abordar o mar serão hoje todavia melhores do naquela época de 1920-1922 quando Raul Brandão escreveu Os Pescadores. Mas o respeito pelo mar, o temor, a dor que muitas vezes causou são intemporais.
Quando olho o mar, quando vejo uma mulher vestida de negro junto do mar, num bairro de pescadores, refugio-me, na primeira oportunidade, nas páginas de Raul Brandão escritas como um verdadeiro diário de bordo e com a expressão de um quadro povoado da poalha e maresia. Não é saudade nem nostalgia de qualquer espécie. Impossível ter saudade de um tempo que não se viveu. Talvez tivesse gostado de viver nesses dias relatados por Raul Brandão. Não sei. A verdade é que leio e releio páginas ao acaso e aprendo muito sobre o meu país. Está lá a alma do meu país. Estão os silêncios e regozijos, os risos e o pranto e sobretudo está um povo de lavradores transformado em homens do mar por sobrevivência pura.
Os Pescadores, de Raul Brandão, Editorial Estúdios Cor ( já não existe, é claro), Junho de 1967.
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