sexta-feira, 12 de março de 2010

DA GUERRA

Por Timor

Lao Tsé disse: "Onde os exércitos aquartelaram, só há espinhos
e erva seca
Às grandes batalhas seguem-se anos de fome"

Neruda disse: " Paz no Vietnam! Olha o que deixaste
dentro dessa paz de sepultura
cheia de mortos por ti calcinados!"

E continuaria a citar um rol de poesia
para esclarecer a brutal forma de lidar na terra
com o confronto, o preconceito e a quesília
dos que, desentendidos, encontram só na guerra
a solução vitoriosa de seus orgulhos

Abram os olhos e vejam os monturos
das caveiras esbranquiçadas por Pol Pot
os restos das carnes chacinadas no Ruanda
os milhares de fugitivos a monte
as cabeças perdidas de Luanda
a morte não dormindo, tendo ao vento as suas cãs
e soprando seu letal veneno sobre a terra dos Balcãs

Abram os olhos e vejam os irmãos desavindos
da irlândica europa com missas aos domingos
púlpitos de palavras e fervor
contrastando com as palmeiras de Timor
onde se acoitam as hienas que fratricidam a esperança.

(Este poema foi escrito em finais de 1999 e editado em 2000, sendo uma homenagem a Timor e aos milhares de timorenses que deram a sua vida pela liberdade e independência).

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